sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ensino do Espanhol em Ponta Grossa

 

Com o passar do tempo, o Brasil foi percebendo a importância do espanhol no contexto sócio-político e econômico do país. Esse fato ocorreu devido a várias questões, entre elas, as mais significativas são: inserção de indústrias dos países vizinhos hispano falantes em nosso território, turismo e também a criação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).
O MERCOSUL é um bloco econômico que procura facilitar e organizar uma integração econômica, social e política entre os países da América Latina. Foi criado com o Tratado de Assunção em 1991 e os países participantes são Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 (LDB) propõe que o ensino de língua estrangeira (LE) seja integrado na grade curricular conforme as possíveis condições da escola. Essa lei não detalhava muito a implantação de diferentes LEs no currículo e deixou lacunas, o que proporcionou seu não cumprimento. O ensino de espanhol e de outras LEs, assim, não era frequente, prevalecendo mais o ensino da língua inglesa. Consideramos que o surgimento do Mercosul ajudou na expansão do ensino do espanhol no Brasil e, em 2005, a Lei 11.161 passou a regulamentar a oferta de ensino de espanhol, o qual deve ser obrigatório no Ensino Médio e optativo no Ensino Fundamental.
O Paraná é um estado que já apresentava uma proposta diferenciada para o ensino de LE mesmo antes da promulgação da LDB de 96. Em 1986, foi criado o Centro de Línguas Estrangeiras (CELEM), que ofertava as seguintes LEs: alemão, espanhol, francês e inglês. O público alvo é a comunidade e os alunos da rede pública.
Em relação ao ensino de espanhol em Ponta Grossa, é possível perceber que ele é implantando na grade curricular das escolas particulares e em poucas escolas estaduais. A maioria das escolas particulares insere duas LEs no currículo (espanhol e inglês). As escolas estaduais, por sua vez, em sua maioria, permanece com o ensino somente de inglês, descumprindo o caráter de oferta do espanhol no ensino.  Aos poucos, no entanto, algumas escolas da rede estadual estão implantando o ensino do espanhol. Em outras, para tentar minimizar a situação e mascarar os fatos, implantam o CELEM no contraturno como iniciativa de oferta da LE, ou seja, o CELEM que era um benefício para o aprendizado das LEs passa a servir de subterfúgio para não se incorporar a língua espanhola à grade curricular. Essa situação compromete a aplicação da lei 11.161 porque a LE acaba não fazendo parte da matriz curricular. Sendo assim, a aprendizagem de espanhol, que deveria fazer parte do currículo do ensino médio, sai prejudicada, pois a maioria dos alunos não tem condição de permanecer no contraturno no ambiente escolar.
Em breve, disponibilizaremos mais informações sobre a pesquisa de mestrado de Daniela Esteche, supervisora do projeto, sobre a implantação do espanhol na rede pública de Ponta Grossa. O acesso aos dados e às análises dessa pesquisa possibilitará um alargamento da discussão sobre o ensino da língua espanhola em nossa cidade.

Por Debora Stelle



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