GÊNEROS DIVERSOS Só no contato com diferentes materiais os
alunos passam a dominar o idioma
Os jovens - sejam
japoneses, franceses, angolanos, brasileiros ou mexicanos - vêem os mesmos
filmes, curtem as músicas de sucesso internacional, lêem os best-sellers e
acessam ao mesmo tempo as páginas da internet. E fazem tudo isso usando, além
da língua materna, o inglês e também o espanhol, que amplia cada vez mais seu
alcance. Por isso, o ensino de Língua Estrangeira vem se modificando (confira
a linha do tempo no quadro abaixo) e hoje busca, como principal objetivo,
fazer com que os estudantes participem ativa e criticamente de um mundo com
fronteiras diluídas no que diz respeito ao acesso à informação.
"Os alunos têm, sim,
interesse em aprender outro idioma a fim de entender as letras das canções e
poder cantá-las e se comunicar via internet", explica Deise Prina Dutra,
formadora de professores de Língua Estrangeira na Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
As pesquisas mais recentes no ensino das disciplinas estão vinculadas à
perspectiva sociointeracionista (leia mais sobre outras formas de ensinar no
quadro "Metodologias mais comuns"), defendida pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs). Essa visão leva em conta as necessidades dos
alunos. "Sempre se deve perguntar por que o brasileiro precisa aprender
outra língua e para quê", diz Maria Antonieta Alba Celani, pesquisadora
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e uma das autoras
dos PCNs.
Mitos
pedagógicos Confira alguns modismos passageiros e outras idéias sem fundamento sobre o
ensino de Línguas:
É impossível ensinar em escola pública
"Eis um grande equívoco", diz Deise Prina Dutra, da UFMG. "Há
limitações, como a baixa carga horária, mas um trabalho bem-feito leva a
turma a avançar."
Gostoso é aprender sem perceber
Ninguém adquire conhecimento dormindo ou brincando. "Quanto maior o
controle da criança sobre o que faz, mais facilidade ela terá para assimilar
os conteúdos", diz Luiz Paulo da Moita Lopes, da UFRJ.
É preciso falar como os nativos
O professor que nasceu ou viveu no exterior serve de exemplo de falante nas
escolas de idiomas. "Mas alguns sem essa vivência se sentem incapacitados
para ensinar", diz Maria Antonieta Celani, da PUC-SP, que refuta a
idéia. Línguas como o inglês e o espanhol são cada vez mais usadas por quem
não nasceu onde esses idiomas são os oficiais.
Existe um método infalível
No fim do século 20, modelos vindos de editoras internacionais invadiram as
escolas de todo o mundo. Pesquisadores como o indiano N.S. Prabhu lançaram a
era pós-método, demonstrando que modelos que não levam em consideração o
contexto local não são eficientes.
O sociointeracionismo
critica a concepção de aprendizagem de abordagens e métodos que valorizam
apenas as questões relativas à cognição e a comportamentos (aquisição de
hábitos lingüísticos), sem considerar o contexto social, a interação e a
mediação. De acordo com essa perspectiva, cuja origem é o pensamento do
psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934), a interação mediada pela linguagem sempre
ocorre num determinado lugar social e num momento da história, e os
professores têm de saber disso. Críticas a outras teorias aparecem também
pela falta de preocupação com aspectos políticos, culturais e ideológicos que
sempre estão associados à linguagem.
O importante é não cair em engodos da moda (leia o quadro ao lado), mas usar
diferentes recursos para entender as práticas sociais de leitura e escrita e
participar delas, como interpretar o rótulo de um produto importado ou
entender as instruções de um videogame. Para pesquisadores e formadores de
professores, as atividades mais significativas são aquelas que criam em sala
situações reais de comunicação. Também é interessante que os jovens produzam
textos em outra língua. "Se antes havia o modelo do download, de baixar
conteúdo na internet, hoje existe o upload, com as pessoas produzindo
informação", explica Lynn Mario Menezes, da Universidade de São Paulo
(USP). Isso tem ref lexos no processo educacional: "Os alunos não são passivos diante do conhecimento".
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